A técnica Alexander e o Zen Budismo

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A técnica Alexander e o Zen Budismo

Moacyr Castellani – Publicado em: Jornal Unipaz

A Técnica Alexander é um trabalho que visa restabelecer o equilíbrio e a postura corporal natural, mostrando às pessoas como estão usando seus corpos de maneira inadequada e ineficiente, reflexo de uma postura mental desequilibrada e cheia de tensões.

Foi criada por um ator australiano chamado F. Mathias Alexander no final do séc. XIX. Ele sofria de constantes e misteriosas crises de perda de voz e, após passar um longo período observando a si mesmo frente ao espelho, acabou por descobrir um condicionamento em movimentar a cabeça para trás, fazendo pressão para baixo e criando uma tensão na região do pescoço. Ele notou que, inibindo a tendência em contrair o pescoço, seus problemas de perda de voz extinguiam-se.

Para Alexander, o equilíbrio da postura e dos movimentos corporais estava ligado ao que ele chamou de controle primordial – deixar que o pescoço se solte para que a cabeça se solte para cima e para frente, para que as costas se alonguem e se alarguem.

Isto não quer dizer que devemos forçar um alongamento das costas e do pescoço. Na realidade, esta extensão já é natural. A cabeça livre e solta, o pescoço e as costas longas, os ombros soltos, a lombar descansando são algumas das posturas naturais do nosso próprio corpo.

O trabalho em si constitui em uma seqüência de toques na região tensionada acrescida de uma seqüência de ordens verbais. Por exemplo: para trabalhar a região do pescoço, pode-se tocar a terceira vértebra cervical, a fim de induzir o cliente a soltar a musculatura.

A sutileza do trabalho está no detalhe de que as ordens em si não geram uma resposta corporal direta. O aluno, mesmo consciente de sua tensão e dando ordens a si mesmo, não pode agir. Ele não pode executar um outro movimento que force a perda da tensão. Se o ombro está tenso para dentro, não adianta forçá-lo para fora com o objetivo de soltá-lo. Isto somente ocasionará uma nova tensão, só que agora em sentido oposto.

O aluno deve esvaziar completamente sua mente e corpo. É uma experiência Zen. O indivíduo, por natureza, é livre e solto. Não precisa buscar novos conceitos e regras de como se soltar. Ele não tem nada a aprender, a não ser desaprender aquilo que aprendeu. É necessário surgir um clima onde o aluno tenha a possibilidade de experienciar a essência de seu próprio corpo, a experiência de ser, naturalmente, solto.

O trabalho com a Técnica Alexander não está ligado diretamente a técnicas. Não é um trabalho conceitual, uma aula de modelos de conduta. A Técnica Alexander é uma comunhão, um momento em que o professor tenta passar sua energia bem direcionada para o aluno. Ele tenta fazer com que o aluno acorde para suas próprias direções, sua própria naturalidade.

São nos momentos mais inesperados possíveis que damos saltos gigantescos no nosso crescimento. São nos momentos em que estamos tranqüilos, com a mente vazia de conceitos, com o espírito livre de expectativas que a natureza interior se revela de uma maneira especial.

Na Técnica Alexander, são nesses instantes que o sujeito experiencia uma comunhão peculiar. Como o reencontro de algo bem distante que foi esquecido, o indivíduo resgata sua auto-percepção corporal, sente na pele e no espírito a liberdade e a leveza há tanto abandonada.

Ele toma conhecimento da sua natureza. Percebe o quanto vem interferindo em si mesmo e na sua maneira de ser. Acorda para a possibilidade de abandonar todos os seus vícios e conceitos, resgatar sua espontaneidade há tanto esquecida. Deixa de controlar os seus passos e passa a viver no mesmo ritmo do universo. Deixa de ser uma imagem para ser ele mesmo.

Informações sobre a Técnica Alexander em Belo Horizonte: Léa Clara Veiga – (31) 3273-5070